OpenStreetMap

Mapeamento humanitário e OpenStreetMap

Posted by Raquel Dezidério Souto on 10 October 2023 in Brazilian Portuguese (Português do Brasil). Last updated on 10 February 2024.

Mapeamento colaborativo

Recentemente, uma discussão entre mapeadores levantou a questão da utilização da base cartográfica mundial do OpenStreetMap, por entidades humanitárias internacionais, como os Médecins sans frontières (Médicos sem fronteiras), Red Cross (Cruz Vermelha), Humanitarian OpenStreetMap Team (Time Humanitário do OpenStreetMap) ou o UN Maps (programa ligado às missões de paz das Nações Unidas).

O projeto OpenStreetMap OSM teve seu início em 2004 e, quase 20 anos depois, conta com milhões de usuários e bilhões de feições mapeadas em diversas regiões do mundo. Para muitas destas regiões, os dados do OSM são os mais atualizados, ou mesmo os únicos disponíveis. Especialmente, em regiões rurais e distantes dos grandes centros urbanos, como diversas cidades das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste do Brasil [1].

Algumas campanhas de mapeamento (mapatonas), realizadas em resposta à ocorrência de eventos extremos, como inundações, movimentos de massa ou terremotos, produziram mapeamentos em tempo muito reduzido - como a mapatona da cidade de Petrópolis (RJ), realizada no início de 2023 e completada em apenas uma semana, após os eventos de deslizamentos de terra e inundação da cidade.

Ou a mapatona da cidade de Muçum (RS), realizada em 2023, cuja rapidez pode ser vista no vídeo elaborado por Fidelis Assis:

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Cabe ressaltar que estas campanhas de mapeamento não visam substituir as funções que são formal e legalmente atribuídas às instituições de defesa civil e de resgate, em quaisquer países, mas podem contribuir enormemente para a produção de dados críticos para as atividades de socorro, que são realizadas por essas mesmas instituições.

Campanhas que ajudam a salvar vidas

O mapeamento de edificações, vias e pontos de interesse (POI), como escolas, hospitais, postos de saúde, igrejas e outros, facilitam a geolocalização das equipes humanitárias em campo e, em muitas situações, quando não há como distinguir facilmente os objetos em meio à destruição, como vimos nas imagens dos efeitos do terremoto que atingiu o Marrocos e a Líbia, ainda neste ano de 2023.

imagem1 Edição de área afetada pelo terremoto no Marrocos, no editor JOSM. Fonte: Wiki OpenStreetMap [2].

imagem2 Efeitos do terremoto em Marrakesh–Safi, 2023. Fonte: Wiki OpenStreetMap [3].

imagem3

Membros do Libyan Red Crescent, na cidade de Derna, onde milhares de pessoas foram mortas depois do colapso das edificações em diversos locais. Fonte: The New Humanitarian [4].

Esperamos que os mapeamentos colaborativos continuem a promover a construção do conhecimento espacial do nosso território e a propiciar o suporte às equipes humanitárias e outros grupos, que necessitam de dados atualizados e livremente disponíveis, para a realização de suas atividades.

Referências:

[1] Souto, Raquel Dezidério et al. Vazios cartográficos: os desafios da ausência de mapeamento oficial. Ciência Hoje, out. 2021. https://cienciahoje.org.br/artigo/vazios-cartograficos-os-desafios-da-ausencia-de-mapeamento-oficial/

[2] 2023 Morocco Earthquake. Wiki OpenStreetMap. https://wiki.openstreetmap.org/wiki/2023_Morocco_Earthquake

[3] 2023 Marrakesh–Safi earthquake. Wiki OpenStreetMap. https://en.m.wikipedia.org/wiki/2023_Marrakesh%E2%80%93Safi_earthquake

[4] Annie Slemrod. Libya and Morocco: A quick breakdown of north Africa’s double disaster: ‘They needed to tell their pain and someone to hear them.’ The New Humanitarian, 13 sept. 2023. https://www.thenewhumanitarian.org/news/2023/09/13/libya-and-morocco-quick-breakdown-north-africas-double-disaster

Discussion

Comment from pedrito1414 on 11 October 2023 at 09:54

Raquel, obrigado por esse registro no diário! E por você ter incluído as referências. Gosto da maneira como você apresenta o valor do mapeamento aberto no trabalho humanitário/resposta… (Peço desculpas se este comentário soar estranho - traduzido via DeepL)

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