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pedro_tharg's Diary

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Esse texto é uma sugestão de etiquetagem da vegetação natural brasileira como classificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu Manual Técnico da Vegetação Brasileira. É uma expansão e atualização do meu diário anterior em que proponho uma forma de mapeamento da Caatinga. O intuito é ser um suporte para quem tiver interesse em mapear áreas vegetadas no OpenStreetMap sem a necessidade de criação de novas tags e utilizando o que já está documentado na Wiki. Já esclareço de início que as tags disponíveis no OSM são muito limitantes para o mapeamento ambiental e, portanto, algumas liberdades foram tomadas. Além disso, o sistema de etiquetagem não pode ser muito complexo porque pode desmotivar o mapeamento por mapeadores iniciantes.

🌴 Sugestão de classificação da vegetação quanto ao porte (altura) 🌴

Para essa proposta, adaptei o que está descrito na Wiki acerca de Vegetação e vejo que quatro valores da tag natural ordenados em grau de porte (altura) seriam úteis. Resumidamente, os valores em ordem decrescente de porte são:

natural=wood > natural=scrub > natural=heath, natural=grassland.

🌳 Etiqueta natural=wood

Nesta sugestão, wood trata-se de uma vegetação “florestal”, densamente “arborizada” com árvores muito altas como presentes em fisionomias da Floresta Amazônica e Mata Atlântica. É o que temos no imaginário popular do que seria uma “floresta” ou “bosque”. Na classificação do IBGE, correspondem às Florestas Ombrófilas, Estacionais, Savanas Florestadas, Savanas Estépicas Florestadas e Restingas Arbóreas. Eu preciso destacar aqui que essa definição varia conforme o Bioma. Então, uma vegetação amazônica marcada com a etiqueta natural=wood não tem o mesmo porte que uma vegetação do Cerrado e Caatinga marcada com a mesma etiqueta. Porém, nestes biomas a vegetação mapeada apresenta um porte característico que mais se aproxima de uma “floresta densamente arborizada”. Algumas imagens a seguir do que poderia ser etiquetado dessa forma segundo essa minha proposta.

Floresta de árvores com copas altas e densas Floresta Ombrófila Densa da Amazônia, Bolívia. Link.

Floresta de árvores araucárias com copas altas Mata de Araucárias no Parna Aparados da Serra (divisa dos estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Link.

Visão do alto de uma floresta de árvores muito verdes Parque Estadual Morro do Diabo em Teodoro Sampaio - SP. Link.

Visão de uma floresta densa Cerradão (Savana Florestada) no Parna Serra da Canastra - MG. Link.

🌵 Etiqueta natural=scrub

Seguindo na classificação, temos a tag natural=scrub que é descrita na Wiki como “matagal”. É uma etiqueta cheia de controvérsias e aqui eu proponho que seja utilizada para a vegetação que tem o porte menor do que uma “floresta”. Neste sentido, há o predomínio de arbustos e árvores medianas que não alcançam os 20-30 metros frequentes nas Florestas Ombrófilas, por exemplo. Além disso, as copas das árvores não são tão densas. Inclusive, um dos critérios descritos na Wiki (aqui) para diferenciar natural=wood de natural=scrub é que a vegetação de scrub não fica sob uma copa de árvores que impede que arbustos e árvores menores recebam luz solar. É a vegetação mais frequentemente encontrada na Caatinga, Cerrado e Pantanal. Abaixo alguns exemplos:

Matagal com árvores baixas, esparsas e arbustos Campinarana Arbustiva em Mâncio Lima, Acre. Link.

Matagal com árvores baixas, esparsas e muitos arbustos secos Savana-estépica Arborizada (período seco) na ESEC Seridó, Rio Grande do Norte. Link.

Matagal com árvores baixas, esparsas e muitos arbustos secos Restinga Arbustiva na Ilha do Cardoso, São Paulo. Link.

🌿 Etiquetas natural=heath e natural=grassland

As duas últimas etiquetas representam o menor porte da vegetação, ou seja, herbáceas, gramíneas e outras plantas que não chegam a formar um dossel mediano como um matagal.

heath trata-se de um valor bastante confuso. A Wiki define natural=heath como um “urzal” ou “charneca”. Um local com vegetação arbustiva e lenhosa muito pequena. Ela recomenda utilizar essa etiqueta para qualquer ecossistema semelhante as fotos sugeridas na página. Particularmente, achei nada claro. Há também uma barreira regional nisto tudo, visto que charneca e urzal são utilizados para locais predominantemente áridos e pedregosos no exterior, mas no Brasil ganharam significados opostos, representando áreas com características pantanosas. Sendo assim, eu tomei como liberdade utilizá-la para classificar a vegetação rala em que predomina essencialmente arbustos e herbáceas raquíticas, sem considerar a presença de umidade. Esta classificação também pode apresentar uma fração arbórea mas as árvores se apresentam muito espaçadas uma das outras e geralmente são de apenas uma espécie. Como exemplo, as Savanas-Estépicas Parque no Parque de Espinilho, RS, os Parques de Carandás nos Pantanais Mato-grossenses e algumas formações como parque de palmeiras na Região Nordeste. A Restinga Herbácea e o “campo sujo” no Pampa também podem adquirir esse valor.

Matagal com árvores baixas, esparsas e muitos arbustos secos Restinga Herbácea. Link.

Matagal com árvores baixas, esparsas e muitos arbustos secos Savana-Estépica Parque no Parque Estadual do Espinilho, RS. Link.

Matagal com árvores baixas, esparsas e muitos arbustos secos Campo sujo (Estepe parque) no Rio Grande do Sul. Link.

Matagal com árvores baixas, esparsas e muitos arbustos secos Savana-Estépica Parque (período seco) no Parque Estadual do Seridó - RN. Link.

Por fim, a etiqueta natural=grassland possui o mesmo porte que natural=heath em relação à vegetação. A diferença é que natural=grassland já não apresenta espécies arbustivas lenhosas, mas sim há o predomínio de gramíneas. Equivale ao “campo limpo” dos campos do Pampa no Rio Grande do Sul (Estepe Gramíneo-Lenhosa) e à Savana-Estépica Gramíneo-Lenhosa ou “campo espinhoso” em outras regiões.

Matagal com árvores baixas, esparsas e muitos arbustos secos Campo limpo Estepe Gramíneo-Lenhosa (sem componentes lenhosos) em Aceguá - RS. Link.

🍃 Outras etiquetas para caracterização: leaf_type e leaf_cycle 🍂

A etiqueta leaf_type é utilizada para descrever o tipo de folhas encontrada na maioria das plantas no caso de uma vegetação. Pode assumir os valores broadleaved para angiospermas, o valor mais típico para os biomas brasileiros, needleleaved para plantas com folhas no formato de “agulha” como pinheiros, mixed para vegetação com os dois tipos presentes e leafless para a vegetação sem folhas como cactáceas, por exemplo. Expandindo um pouco mais o significado, decidi considerar broadleaved para plantas angiospermas e needleleaved para gimnospermas. Assim, conforme o Manual Técnico da Vegetação Brasileira do IBGE, no Brasil apenas a Mata de Araucárias (Floresta Ombrófila Mista) possui o valor needleaved. É importante frisar que esses valores valem para a vegetação originária com a etiqueta natural porque uma floresta de pinheiros utilizada para extração de madeira, por exemplo, recebe a etiquetagem landuse=forest + leaf_type=needleleaved. Além disso, não recomendo a utilização de leaf_type=leafless para vegetação presente no semiárido nordestino (caatingas) porque a presença ou não de folhas depende da estação e existe uma etiqueta para isso (descrita a seguir). Só recomendo caso o mapeador possua conhecimento suficiente para determinar que a maior parte da vegetação é constituída de cactáceas, bromélias espinhosas ou outras espécies sem folhas durante todas as estações.

leaf_cycle é outra etiqueta adicional que complementa a vegetação mapeada. Ela se refere ao ciclo das folhas ao longo das estações. Assume os valores evergreen para folhas que sempre permanecem verdes e não caem com o passar das estações, semideciduous para plantas que perdem suas folhas por um período curto de tempo, semi_evergreen aparenta possuir o mesmo significado que a anterior, deciduous para plantas que perdem suas folhagens totalmente durante um determinado período do ano e mixed para a ocorrência de ambos os casos. Neste sentido, as etiquetas que mais confundem são semideciduous e deciduous (ignorando semi_evergreen pois até o link do significado na Wiki redireciona para o significado de semi_deciduous). Assim, para diferenciar ambas, decidi usar a própria diferenciação do IBGE que considera semidecidual a vegetação em que a porcentagem de plantas que perdem suas folhas não ultrapassa os 50% em relação a vegetação inteira.

🍀 Etiquetas delimitadoras description e source:description 🍀

Enfim, nada impede que se adicione etiquetas bem mais específicas quando possível. Na etiqueta description pode-se usar o valor com o nome exato do Sistema Fisionômico (ex: description=Savana-Estépica Gramíneo-Lenhosa) e informar a origem desse termo na descrição. No caso do Sistema Fisionômico apresentado neste texto é o próprio IBGE, source:description=IBGE. Talvez até um ref:IBGE com o valor atribuído pelo instituto na sua própria legenda de classificação seja útil para ferramentas de busca (ex: utilizar ref:IBGE=D para Floresta Ombrófila Densa, ref:IBGE=Ta para Savana-Estépica Arborizada e assim por diante).

Com base nisso tudo, é possível gerar a seguinte tabela:

Tabela Tabela com a classificação de vegetação segundo o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE) e correspondência com as etiquetas OSM. Tamanho completo.

E por curiosidade, utilizei as cores do renderizador padrão do OpenStreetMap para as classes de vegetação wood, scrub, heath e grassland e foi possível gerar o seguinte mapa de como ficaria a visualização do Brasil se as classes do Banco de Dados e Informações Ambientais do IBGE fossem importadas.

Mapas comparando antes e depois da importação dos dados de vegetação Comparação do Brasil como visualizado no OSM atualmente com a nova visualização caso os dados do BDiA fossem importados. Link.

🍂 🌿🌴🌵 Sugestões e opiniões são sempre bem-vindas! 🌳🌲🌻🍃

Eu sou Pedro Ricardo, mapeador voluntário para o OpenStreetMap desde 2021 e sou estudante de Meio Ambiente. Contribuo principalmente com o mapeamento de regiões próximas ao Curimataú paraibano.

Esse texto trata de uma sugestão de tags a serem usadas em vegetações do bioma Caatinga. Decidi fazê-lo porque não encontrei material suficiente que aconselhasse como caracterizar sua vegetação, tanto nos grupos do OSM quanto na Wiki.

O bioma Caatinga é endêmico do Brasil, ou seja, não existe em nenhum outro país e apresenta espécies únicas. Compreende a maior parte da região Nordeste brasileira e apresenta várias variações (fitofisionomias) tornando difícil a generalização e simplificação de suas características vegetais. As variações são tantas que estudiosos preferem trabalhar com o termo caatingas, no plural. Entretanto, com o objetivo de facilitar no mapeamento, tentei encontrar atributos já existentes no OpenStreetMap para destacar sua individualidade em relação aos outros biomas sem ferir tanto com suas peculiaridades. As justificativas para o uso são dadas ao longo do texto.

A imagem abaixo é um mapa dos tipos de vegetação original no Brasil segundo o IBGE (2004). Como podem observar, a savana estépica compreende a maior parte do semiárido brasileiro e, inclusive pode ser considerada um sinônimo aproximado de caatinga como destacado aqui. Mapa da distribuição dos tipos de vegetação original do Brasil - IBGE 2004

Dessa forma, minha sugestão é que as características dessa vegetação devem ser representadas no OpenStreetMap com maior frequência em relação a outras fisionomias do bioma. A savana estépica também é conhecida como vegetação decidual espinhosa, o que significa que as plantas perdem suas folhas em uma determinado período. Na caatinga isso ocorre durante os meses de estiagem. O OSM já possui uma tag e um valor específicos e documentados para isso: leaf_cycle=deciduous.

Então, acredito que esse valor é fundamental para todas as regiões mapeadas como vegetação de caatinga visto que ela tornará possível diferenciar de outros biomas.

Porém, esse valor precisa ser utilizado acompanhado de outras tags como natural=scrub e natural=wood. Aqui a minha recomendação é utilizar com muito mais frequência natural=scrub (matagal) pois na própria wiki em português há um destaque:

O que o diferencia de uma floresta ou bosque é a possibilidade de, em geral, toda a vegetação poder receber luz solar, sem ter de ficar sob uma copa de árvores impenetrável pela luz.

Essa característica é frequente nas caatingas, além de que, na definição de natural=wood, fica claro que se trata de uma área totalmente coberta por árvores altas que dificultam que a luz solar alcance plantas menores:

Description Tree-covered area (a ‘forest’ or ‘wood’)

Além disso, a definição em inglês de natural=scrub inclui arbustos, herbáceas e geófitas que também são comuns na Caatinga. Outra tag que deve ser utilizada é a leaf_type porque ela nos permitirá diferenciar algumas fisionomias existentes dentro do bioma. Como a documentação e discussão dessa tag na wiki não são muito claras, decidi simplificar os seus valores sem conflitar tanto com o descrito na página. Assim, leaf_type=broadleaved corresponde às angiospermas e leaf_type=needleleaved às gimnospermas. Além disso, leaf_type=leafless podem ser as cactáceas e outras plantas que têm folhas modificadas para espinhos.

Em resumo, a minha proposta é a agregação das fisionomias em pelo menos três, pois é o que encontrei ser possível com as tags já existentes no OSM:

  • natural = wood; leaf_cycle = deciduous; leaf_type = broadleaved para regiões de caatinga densamente arborizada (Savana-estépica Florestada Td) como encontrada na Serra das Almas no Ceará. Esses valores podem entrar em conflito com valores atribuídos à Floresta Estacional Decidual presente nos biomas Mata Atlântica e Cerrado, mas abarcam suficientemente as individualidades dessa fisionomia na Caatinga.

Serra dos Tucuns CE.jpg

  • natural = scrub; leaf_cycle = deciduous; leaf_type = broadleaved deveria corresponder a maior parte das vegetações no bioma pois essas características correspondem à vegetação savana estépica. Descreve relativamente bem a Savana-estépica Arborizada (Ta). Uma árvore característica é o umbuzeiro (Spondias tuberosa). Uma imagem de exemplo é usada abaixo: 20210909_085852

Esses valores também descrevem bem a Savana-estépica Parque (Tp) e a diferenciação poderia ser acentuada com o acréscimo da tag species ou genus com o valor da espécie mais abundante visto que essa fitofisionomia costuma apresentar pequenas árvores, geralmente da mesma espécie, e com uma distribuição bastante espaçada. Um exemplo são os carnaubais. A tag description também é outra opção.

  • natural = scrub; leaf_cycle = deciduous; leaf_type= leafless para regiões com predominância de cactáceas e bromélias como facheiros, xique-xiques, macambiras, mandacarus e etc (imagem abaixo). Os valores scrub e deciduous correspondem à vegetação arbustiva, herbáceas e plantas lenhosas raquíticas. Neste sentido, pode ser utilizada também para descrever a Savana-estépica Gramíneo-lenhosa (Tg) na qual o valor leaf_type=leafless pode ser opcional.

Facheiro.JPG

Para um valor mais exato, o uso de description é essencial com o valor descrito pelo IBGE ou outra fonte. Neste caso, recomendo especificar a fonte através de source:description. Um exemplo pode ser visto aqui. Enfim, qualquer sugestão é bem-vinda e pesquisar sobre o assunto foi muito gratificante para mim!

Algumas razões e motivos para a realização do mapeamento de produtos e contaminantes químicos dispersos em um ambiente

  1. Fornecer aos municípios informações que possam ser usadas no gerenciamento de terras sustentáveis;
  2. Distinguir entre fontes geogênicas e antropogênicas;
  3. Parte de um sistema de informação de modelagem de riscos;
  4. Investigar e comparar a influência de fontes potencialmente importantes de contaminação antropogênica difusas;
  5. Obter informações que possuam aplicações práticas na avaliação de riscos e perigos para as pessoas dentro do ambiente urbano;
  6. Estudar o destino e transporte de poluentes no solo urbano;
  7. Fornecer bases de dados valiosas para determinar os limites legais de contaminantes no solo de acordo com o uso da terra;
  8. Fornecer uma capacidade nacional em amostragem de áreas urbanas;
  9. Amostras urbanas e dados podem ser utilizados em estudos ambientais temáticos envolvendo terras contaminadas, vulnerabilidade de águas subterrâneas e risco à saúde humana;
  10. Fornecer um arquivo de amostra que pode ser usado na pesquisa científica, ex: Estudos de bioacessibilidade.
  11. Mapas geoquímicos são necessários para exibir as tendências naturais dos elementos químicos com o objetivo de reconhecer áreas poluídas;
  12. Uma função de monitoramento relacionada com o ambiente químico pode cumprir como um papel estatutário definido em legislação específica;
  13. Aumentar a conscientização sobre o significado da proteção ambiental através da entrega imediata de informações e educação de alta qualidade;
  14. O mapeamento geoquímico forma uma parte inicial de um sistema de gestão ambiental, necessário para a remediação e eventual reabilitação do território contaminado;
  15. Fornecer informações básicas da geoquímica local que podem ser mais práticas e úteis do que valores de guias e diretrizes nacionais;
  16. Fornecer informações ao público, a fim de aumentar a consciência dos desafios ambientais e ecológicos presentes no ambiente urbano, o que, por sua vez, contribui para o processo de reduzir e mitigar os riscos dos contaminantes;
  17. A informação geoquímica pode ser levada em conta ao determinar os preços de um terreno e calcular um imposto a ser cobrado sobre aqueles que causam poluição;
  18. Fornecer um ponto de referência no tempo com o qual futuras mudanças no ambiente químico urbano possam ser comparadas e medidas.

Traduzido e adaptado de Mapping the Chemical Environment of Urban Areas, editado por Christopher C. Johnson et al. (2011)