Então, como eu disse na minha postagem anterior, ao começar a mapear as estradas da área rural entre os municípios de Imbé de Minas e São Domingos das Dores, me deparei com um “problema”, ou uma constatação: É quase impossível mapear todas essas estradas. E isso se dá por conta de alguns sub-problemas, e o primeiro destes é uma dificuldade que antecede este caso: A de classificar as estradas entre Vias Terciárias, Estradas Vicinais e Estradas Agrícolas. Esta última nem tanto mas as duas primeiras bem mais, mas já explico.
O que acontece é que esta região em que vivo e que venho mapeando, é uma região de grande produção de Café, então há plantações de café por toda parte, e por consequência, para fins de manejo e escoamento dessa produção de café, há estradas, muitas estradas, muitas mesmo, dentro, fora, e ao lado dessas lavouras.
E um outro motivo pelo qual há muitas estradas é o relevo.
Essa área é o mais ou menos famoso “mar de morros” de Minas. E por causa dessa característica o único jeito de chegar a algum lugar é contornando eles, os morros, e vez ou outra passando por cima mesmo. Então as estradas fazem isso, e com isso acabam formando um imenso e tortuoso labirinto. Estas são as estradas Vicinais e Terciárias que tenho incluído no mapa nesta região.
Mas ás vezes é um tanto difícil diferenciar na imagem de satélite do Bing (que está anos desatualizada) entre qual caminho dentro desse labirinto é uma via terciária e qual é apenas vicinal. Quando comecei a mapear, estava considerando como estrada terciária apenas aquela que ligava a sede do município aos seus distritos oficiais e povoados com um núcleo concentrado de casas, ou, aquelas que eram visivelmente muito utilizadas como caminho de ligação entre ruas rodovias ou duas cidades atravessando área rural (ou seja, as mais largas na imagem de satélite).
Mas depois de um tempo tive que reconsiderar essa regra porque comecei a encontrar casos de estradas largas que assim eram apenas porque estavam perto de grandes fazendas de café e, por isso, eram bem feitas e/ou bem cuidadas. Assim como também encontrei casos de estradas que faziam ligação entre cidades e distritos e povoados que não eram tão largas ou apenas não estavam assim quando a foto de satélite foi feita. E por fim, agora, nessa minha campanha mais recente de mapeamento, estou encontrando estradas importantes no meio de cafezais, mas também estradas que parecem importantes mas na verdade são só Estradas Agrícolas muito boas.
E quanto ás estradas agrícolas, bom, quando eu disse que o lugar parece um labirinto eu ainda nem estava incluindo elas. Com elas a coisa toda vira um caos.
Se eu incluísse todas as Estradas Agrícolas dessa região (um trabalho que duraria meses), o mapa OSM ficaria completamente arruinado, ilegível. Então, como eu não pretendo fazer isso, a dúvida então passa a ser entre: Esquecer elas o e só mapear as Estradas Vicinais e Terciárias, ou mapear ao menos as principais entre as Estradas Agrícolas? E é aí que entra outro problema. Por ser morador dessa região a minha vida toda eu sei que algumas delas, depois de um tempo, começam a ser usadas pela população local como atalho entre duas estradas vicinais, para “cortar volta”. E foi considerando isso que decidi colocar ao menos as principais entre as Estradas Agrícolas.
E aqui eu finalmente chego ao grande problema do momento. Entre as estradas agrícolas quais são as principais se todas parecem quase iguais pela imagem do Bing?
E para este tipo de problema eu só encontrei duas soluções possíveis: A primeira, que muito me agradaria usar sempre, seria pegar minha bike e ir até lá checar cada caso in loco. E até faço isso às vezes, escolhendo propositalmente, quando vou pedalar, uma rota que passe por uma região em que eu já mapeei mas ainda conheço, mas nem sempre tenho tempo e/ou energia pra isso.
E a segunda solução é a que gosto menos, por ser bem pouco confiável mas, como foi a opção que sobrou, é a que estou usando no momento. Basicamente consiste em abrir uma segunda aba no navegador, no Google Maps, na mesma área que estou mapeando no OSM, mas com a função “Marcadores ativados” deles sobre a imagem de satélite deles.
Minha teoria é que, como o Google não é nem um pouco aberto à ideia de deixar as pessoas editarem o mapa dela mas, certamente não tem vergonha nenhuma de coletar e usar dados de celulares que rodam o Android no mundo inteiro, os marcadores deles no Maps venham de celulares que passaram por aquelas estradas com GPS ligado. Isso é realmente pura teoria e não faço ideia se é assim que eles operam, mas, é isso ou uma “Inteligencia Artificial” (não tão inteligente assim) que estaria mapeando estradas aleatórias no interior do interior de Minas Gerais. E eu acho a primeira hipótese mais plausível.
Então o que eu tenho feito é isto. Se chego numa área, em que há alguma lavoura, com alguma Estrada Agrícola que parece estar sendo usada como Estrada Vicinal, e eu fico na dúvida, vou no Maps e olho se há marcadores sobre ela. Se sim, a incluo, e sigo em frente (com uma pequena esperança de algum dia poder ir até lá e confirmar se minha teoria estava certa). Como disse antes, não é um método nada confiável e já encontrei estradas que eu sabia que eram Vicinais mas que, por qualquer motivo desconhecido, não tinha marcadores no Google Maps. No fim, o conhecimento de campo, in loco, é sempre a melhor opção.
E é isso. Acho que é “só” por enquanto. Escrevi isso mais para organizar meus pensamentos sobre o que tenho feito, mas acho válido postar aqui. Se não servir como informação, ao menos servirá como entretenimento ( Oou não :) para a comunidade.
Para os verdadeiros cartógrafos deste planeta.