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Carlos Lunna's Diary

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Este é o nono entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Este é o track da minha ida ao Alto Santa Terezinha, Recife/PE, em 23/04/2024 http://u.osmfr.org/m/1060051/

alt=alto santa terezinha mapa

Na manhã do dia 23/04/2024 segui rumo ao Compaz (Centro Comunitário da Paz) Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha, na Zona Norte do Recife/PE. Na ida fui de carro de aplicativo, pois marquei com a pessoas que iria me acompanhar lá (vou chamá-la aqui de Dandara nome fictício) às 9h e não queria ter que me acordar muito cedo ou me atrasar. Embora o local do encontro estivesse a 9km de onde eu parti, via transporte público esse percurso poderia durar entre 45min e 1h20min. Quando chegamos na altura da garagem da empresa de ônibus Caxangá, na Av. Presidente Kennedy, no bairro de São Benedito, ainda em Olinda, nos deparamos com um protesto que fechava a via no sentido terminal da Xambá. Nesse momento, percebi que foi acertada minha ida no carro de aplicativo. Mesmo assim, cheguei de 9h30 no Compaz.

Após driblarmos o engarrafamento, cruzamos a Avenida Beberibe e pegamos a Ladeira do Sapoti rumo ao Compaz. Nesse caminho passamos por um dos espaços de sociabilidade mais conhecidos do Alto Santa Terezinha, o Bela Vista Social Clube, que promove uma noite cubana nas tardes de domingo bastante concorrida entre moradores locais e da Região Metropolitana do Recife (RMR) como um todo.

Chegando ao Compaz, de cara percebi que o lugar tinha uma boa acessibilidade, com rampas e boa sinalização. Me dirigi a recepção, onde tinham pessoas recebendo informações para tirar documentos, para saber onde ficava a atividade cultural que eu iria presenciar. Vi também que em todos os andares haviam banheiros e o local estava bastante limpo. O Compaz Alto Santa Terezinha foi inaugurado em 2016, com o objetivo de ser um equipamento público que oferecesse cidadania, cultura e lazer. No lugar acontecem apresentações culturais, cursos de artes, músicas, esportes entre outras habilidades, além de tirar documentos e abrigar campanhas sobre saúde.

A prefeitura aproveitou, segundo Dandara, algumas estruturas que já haviam antes, como uma quadra para esportes e uma escola. Há também uma creche bem próxima, formando ali um complexo de educação, cultura, cidadania e lazer. Andando no entorno, encontrarmos também um campo de futebol de várzea por trás do Compaz, de onde dá pra se ter uma boa visão de altos e córregos vizinhos. Do Compaz na visão mais distante ao norte dá pra avistar Olinda, onde uma boa referência é a antena da antiga TV Manchete, que fica no bairro de Jardim Brasil e ao sul os prédios gigantes de bairros como Arruda, Parnamirim, Casa Amarela e Casa Forte.

O Compaz também tem telas em todos os andares, o que prejudica fazer fotos da parte mais alta do prédio. Apesar de ser um espaço com boa infraestrutura, cabe averiguar se a comunidade moradora no entorno consegue pautar as ações que ocorrem no Compaz ou são tratados como meros beneficiários dessas ações. Será um ponto de observação em idas futuras e numa entrevista semi-estruturada que pretendo fazer com a Dandara, já que esta ida foi mais para uma primeira aproximação com ela e com o Alto Santa Terezinha. Abaixo alguns registros fotográficos:

alt=campo de varzea por tras do compas

alt=academia da cidade acoplada ao compaz

alt=infraestruturas de lazer no compaz

alt=aula de capoeira

Na volta, voltei de ônibus, até para circular um pouco pelos altos próximos que também são de meu interesse de estudo. De início identifiquei um problema na infraestrutura de transporte: perguntei se havia algum ônibus que levasse para o terminal de Xambá, de onde eu poderia fazer integração para ir pra Olinda e Dandara me disse que não tinha. O TI Xambá fica a 2,7 km do Compaz! Mas, o fato de não haver um ônibus para lá, faz com que seus moradores precisem pegar um ônibus para a estrada velha de Água Fria para poder pegar outro ônibus, pagando outra passagem, o que inviabiliza de muitos moradores do Alto Santa Terezinha e arredores, acessarem serviços e lazer no município vizinho.

Depois de andarmos mais um pouco pela Avenida Aníbal Benévolo, onde fica o Compaz, passamos pela Unidade de Saúde da Família do Alto do Pascoal e ficamos na parada de ônibus. Neste momento já era perto do meio dia e a avenida, apesar de ser uma das vias mais movimentadas do bairro, cerca de 200 metros depois do Compaz já fica bastante estreita. Movimento intenso de carros e motos e de crianças e adolescentes largando do turno da manhã.

Peguei a linha nº 712 Alto Santa Terezinha que vai até o centro do Recife e volta. Conforme o ônibus desce pela íngreme e longa Rua Tamboara, identifiquei problemas bastante comuns nos altos e córregos no limite entre Recife e Olinda, que é o excesso de carros, tendo uns que esperarem para os outros passarem, o que deixa o trânsito bastante confuso e perigoso. Pedestres e ciclistas ficam altamente prejudicados neste contexto.

Durante o percurso do ônibus, que passou pelo Alto do Pascoal, Alto do Deodato e Bomba do Hemetério, áreas de interesse da minha pesquisa, percebi as infraestruturas de locomoção como escadarias, a sua maioria equipadas com corrimões, também as infraestruturas de contenção de barreiras, onde prevaleciam as lonas, mas também com a presença de muros de arrimo e geomantas em alguns pontos. Abaixo algumas fotos exemplificando a altitude, a ocupação do espaço, as infraestruturas, além do track dos meus caminhos de ida e volta, que também pode ser visto de modo interativo em http://u.osmfr.org/m/1060051/

alt=estruturas de contencao de barreiras 1

alt=estruturas de contencao de barreiras 2

O Alto Santa Terezinha e arredores guarda particularidades como ter um equipamento cultural da magnitude do Compaz e uma atração cultural que atrai a atenção de toda a RMR. Ao mesmo tempo, guarda muitas semelhanças com os demais altos e córregos no limite entre Recife e Olinda: as ladeiras íngremes e estreitas com trânsito desordenado, a necessidade infraestruturas de deslocamento, a vida cultural bastante rica e a lógica do transporte público operando sempre no sentido de conduzir as pessoas enquanto mãos de obra para as áreas centrais da cidade e nunca numa lógica em que as pessoas circulem para usufruir de todas as dimensões da vida, o que prejudica oportunidades de estudo, de trabalho, cultura e lazer.

Location: Alto Santa Teresinha, Recife, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, Brasil

Este é o oitavo entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. No dia 03/10/2023 fui para o Alto do Rosário. Dessa vez não fui por demanda do meu projeto de pesquisa nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e área contígua de Olinda. Mesmo assim, resolvi ligar o aplicativo OSM Tracker para o registro e fazer algumas observações. Pude fazer um percurso longo dentro da minha área de interesse, pois na ida fui por Recife e voltei por Olinda http://u.osmfr.org/m/968423/

alt=track alto do rosario xamba

Este percurso não se deu tanto por escolha, mas por circunstâncias, pois, quando eu estava à caminho, a minha interlocutora me falou que era melhor ir pelo terminal da Xambá, já que eu estava saindo de Olinda. Como já estava no ônibus, prossegui para o centro da cidade, com o intuito de embarcar na linha 746 Alto do Capitão (Via Rosário). Porém, depois de esperar por 40 minutos por ele, fiquei perto de me atrasar, decidi pegar um Uber. Liguei o OSM Tracker, na altura do Morro da Conceição e deixei ligado até chegar perto do terminal da Xambá, já na volta, conforme a figura acima.

No Alto do Rosário, pude observar uma variedade nas infraestruturas. Em termos de via, a grande maioria está pavimentada e razoavelmente conservada. Tem subidas bastante íngremes e ruas estreitas, de modo que existem alguns ônibus da linha complementar, que são micro-ônibus que atendem áreas de difícil acesso para os ônibus convencionais. Em termos das estruturas para a contenção de barreiras, as escadarias estavam a maioria com corrimões e com as canaletas bem delimitadas. Nas barreiras, tem um paredão de geomanta, antes de subir para o Alto do Rosário, mas lá no alto mesmo, a presença das lonas prevalece, algumas já bastante desgastadas.

Embora a paisagem se assemelhe a dos outros Altos, onde se podem ver áreas adensadas com os prédios e vias da Zona Norte do Recife podendo serem vistas ao longe, há uma peculiaridade que é a proximidade com a Reserva de Floresta Urbana (FURB) Mata de Dois Unidos. Esta proximidade, faz com que as estradas ladeiradas, casas e comércios adensados, se intercalem com alguns espaços verdes.

alt=vista do alto do rosario

Ao retornar rumo a Olinda, tomei um dos ônibus da linha complementar, a linha 114 Alto do Rosário Esperança / Dois Unidos. Nessas linhas complementares, a passagem não é cobrada, e os passageiros só podem viajar sentados. Desci no final da linha em Dois Unidos. Pude observar no percurso, intensa demanda de pessoas nas paradas esperando por esses ônibus, mas segundo informações dos moradores, eles não demoram muito a passar. De lá, andei cerca de 500 metros, para pegar o ônibus da linha 852 Caixa d’Água / TI Xambá, deixei gravando a trilha na passagem desse ônibus por Caixa d’Água e finalizei nas imediações do terminal da Xambá.

Location: Dois Unidos, Recife, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Região Geográfica Intermediária do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, Brasil

Este é o sétimo entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Esse diário diz repeito a ida para o Córrego do Abacaxi - Alto da Macaíba - Alto da Bondade - Alto da Sucupira, Olinda/PE, em 30/05/2023. Neste link, na camada de linhas na cor indigo, está o registro do percurso realizado no dia http://u.osmfr.org/m/922236/

alt=print mapa umap

Na tarde do dia 30/05/2023, marquei com uma historiadora no Córrego do Abacaxi, com o objetivo de fazer um campo em alguns altos e córregos de Olinda, por ela ser conhecedora da área. Após fazer a tese de doutorado com delimitação geoespacial nos altos e córregos da Zona Norte do Recife, decidi explorar sua área contígua no município vizinho, por apresentar características socioespaciais semelhantes.

Fui observar os objetos técnicos viários, de contenção de barreiras e encostas, o comércio e a presença de organizações sociais no território. De início, chama a atenção o número de lonas, consideradas como medidas paliativas para a contenção das barreiras. Vale salientar que o período da visita foi o período de chuvas no Estado, que ocorrem entre maio e julho. A aparência e a disposição das lonas, por serem novas e abrangendo áreas maiores das barreiras, denota que elas foram instaladas pela prefeitura e que esta é possivelmente, a solução priorizada pela prefeitura, embora houvessem outras estruturas, como muros de arrimo e (muito poucas) geomantas instaladas.

As infraestruturas de mobilidade, também chamaram a atenção, em alguns casos, pela má conservação das escadarias e outras faltando acabamento, como nos corrimões (com ferros expostos), outras sem a demarcação das canaletas nas laterais e outras com as canaletas e a própria escadaria faltando acabamento.

alt=escadaria e corrimao faltando acabamento

alt=escadaria e corrimao faltando mais perto

alt=escadaria sem corrimao e mato na canaleta

alt=escadaria sem corrimao e sem canaleta

Observamos também os principais pontos comerciais, onde há grande circulação de pessoas, identificamos sobretudo uma concentração de comércio de alimentos no Córrego do Abacaxi (mercadinhos, quitandas), comércios também desse tipo, somados a lanchonetes e farmácias, foram observados no Alto da Bondade. Contudo, ficamos com a impressão de que o comércio de Caixa D’água, na planície é um ponto de atração das pessoas, onde há mercados maiores, e maior diversidade de comércios e serviços. A movimentação das pessoas em direção a este ponto, também denota esta atratividade.

Falando em movimentação das pessoas, a oferta de ônibus para os altos e córregos de Olinda, está concentrada no Terminal Integrado do Xambá. De lá se segue para pontos como a Encruzilhada, que assim como para os altos e córregos da Zona Norte do Recife, também é um centro comercial atrativo para os moradores dos altos e córregos de Olinda, para o centro do Recife, para o Terminal Integrado da PE-15, onde os moradores tem acesso a Paulista e demais municípios da Metropolitana Norte, além de linhas que circulam dentro de Olinda, com maior oferta para a área das praias (Bairro Novo, Casa Caiada, Jardim Atlântico e Rio Doce), passando no caminho pelo Varadouro e Carmo, que englobam o Sítio Histórico e a parte administrativa de Olinda.

As vias são estreitas e costumam congestionar na passagem pelos centros comerciais, pela quantidade de veículos estacionados para a descarga de mercadorias, além de veículos particulares, buscando ficar próximos aos comércios. Chama atenção também a má conservação das vias, sobretudo nas partes próximas às planícies, tanto em Caixa D’água, quanto no Córrego do Abacaxi, com muitos buracos nas vias e má conversação em geral. Havia em Caixa D’água pontos com água acumulada de uma chuva que havia caído dois dias antes. No Alto da Bondade, a rua principal é uma via larga, asfaltada e bem conservada.

Alguns pontos podem ser vistos como referenciais no Alto da Bondade: uma estação elevatória da Compesa, caixas d’água que abastecem a área e a Reserva de Floresta Urbana Mata do Passarinho. Do Alto do Sucupira também se tem uma excelente vista da Mata.

alt=caixa d agua alto da bondade

alt=vista do alto da macaiba

alt=vista do alto da sucupira 2

Observamos também a presença de organizações da sociedade civil na área, encontramos muitas igrejas evangélicas, uma associação de moradores no Córrego do Abacaxi que oferece cursos de artes marciais como taekwondo e capoeira. Apesar da forte presença evangélica, também encontramos uma loja que vendia artigos para o candomblé, no centro comercial de Caixa D’água e também, vimos uma moradora usando uma guia vermelho e preta, referente ao orixá Exu.

alt=associacao corrego do abacaxi

alt=cursos de capoeira e taekwondo

Esse campo nos dá subsídios para observarmos a infra-estrutura, os objetos técnicos, a malha viária, os equipamentos públicos e a sociabilidade nos altos e córregos de Olinda, bem como em como eles interagem com as planícies mais imediatas (maior exemplo neste caso, Caixa D’água) e como interagem também com centros como a Encruzilhada, bairros da beira mar de Olinda e centro do Recife.

Location: Alto da Bondade, Olinda, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, 52170-630, Brasil

Este é o sexto entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Esse diário diz repeito a ida para o Alto do Eucalipto, no bairro do Vasco da Gama, Recife/PE, em 13/04/2023

alt=track eucalipto 13042023

No dia 13/04/2023, voltamos ao Alto do Eucalipto para registrar as transformações de um espaço de convivência registrado em 09/03/2022. À época, o local estava equipado com torre de iluminação, mas sem outras infraestruturas para o seu uso, apenas alguns bancos de cimento. Este local é um passeio, que fica transversal a uma escadaria entre a Rua Camboriú e Córrego do Caroá. Cabe ressaltar que o espaço também fica na beira de uma barreira. Em nossa primeira ida, algumas crianças brincavam no local, depois dois rapazes chegaram para fumar maconha. Há também a vista do Alto da Foice e à leste, pode-se avistar o prédio do Compaz do Alto Santa Terezinha, no bairro homônimo. Os próprios moradores fizeram lá uma marcação, para jogar fut-tênis, conforme informações colhidas no local. Ouvimos ainda, reclamações sobre o fato da bola cair na barreira, de maneira que os moradores gostariam de ter uma tela para jogar bola ali. Abaixo a imagem do espaço em 09/03/2022:

alt=track do percurso realizado neste campo

Durante o mês de abril de 2023, a imprensa de Recife passou a noticiar uma intervenção realizada no local pela ONG G10 favelas, que alega ter feito processo de escuta e trabalhado junto com os moradores para requalificar o local. Abaixo um grafiti do G10 feito no espaço:

alt=grafite g10 favelas

Além de pinturas e placas indicativas, o lugar foi equipado com brinquedos para as crianças como escorrego, balanço, marcação do jogo de amarelinha no chão e uma quadra pequena ao fundo, envolta por uma tela. Também foi colocado um corrimão para proteger da barreira. As fotos abaixo, retratam a requalificação do espaço:

![alt=siga as pegadas amarelas]((https://i.imgur.com/XGqqfWJ.jpeg)

alt=praca dos sonhos um sonho comunitario

alt=siga as pegadas distante

alt=gentileza

alt=geral na praca com grafite no fundo

alt=pegadas da amarelinha

alt=sente e conte uma historia

alt=placas

alt=marcacao amarelinha

alt=bo brincar

alt=escalador em primeiro plano

alt=criancas no futebol

A escadaria que liga a Rua Camboriú ao Córrego do Caroá também foi requalificada, com a instalação e pintura de corrimões, além de pintura das escadarias, conforme a foto abaixo:

alt=escadaria pintada

Vale ressaltar que em nosso percurso de ônibus, observamos algumas outras escadarias instaladas e/ou pintadas, entre os bairros do Vasco da Gama e Nova Descoberta, ainda que tenhamos notado, também durante este percurso, a ausência dessas estruturas em várias outras escadarias nos dois bairros. No espaço de convivência, a pessoa que me recebeu já tinha me dito que houveram instalações de novas escadarias e a pintura de outras.

Ressaltamos que o registro dessas mudanças nos equipamentos públicos não foi feito no sentido de analisar melhoras ou pioras com relação a situação anterior. Nosso registro se dá no sentido de observar as mudanças na paisagem e os usos e apropriações que a população faz do espaço. Do mesmo jeito que a população fez a marcação do fut-tênis anteriormente, certamente outros usos serão feitos pela população, de maneira que independente do planejamento do Estado ou de organizações da sociedade civil, religiosa, etc, a população faz suas reapropriações, de acordo com suas necessidades e anseios.

Location: Vasco da Gama, Recife, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Região Geográfica Intermediária do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, Brasil

Este é o quinto entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Esse diário diz repeito a ida para o Alto do Eucalipto, no bairro do Vasco da Gama, Recife/PE http://u.osmfr.org/m/853346/.

Na tarde do dia 05/01/2023, fomos ao Alto do Eucalipto, no bairro do Vasco da Gama, Zona Norte do Recife, para observarmos uma mudança em uma das paisagens que registramos para a nossa tese. O local, um passeio, localizado na Rua Camboriú, abrigava uma lixeira construída pelos próprios moradores, a partir de carcaças de duas máquinas de lavar. No momento do registro inicial, dia 09/03/2022, entendemos que aquele era um objeto técnico importante pra ser registrado. No final de 2022, um dos entrevistados morador da localidade, me informou que as lixeiras foram retiradas e em seu lugar o passeio foi requalificado, com estruturas que atendem principalmente o lazer das crianças.

Desde já, demarcamos que não fomos ali fazer qualquer juízo de valor sobre essa “substituição”, fomos apenas fazer um registro da atualização da paisagem, e aproveitar para observar a dinâmica da localidade e arredores e também estreitar contato com os moradores. Para facilitar a visualização do meu percurso, deixo abaixo o mapa do meu percurso1, que captei pelo GPS do celular, através do aplicativo OSM Tracker2. Como o registro do aplicativo sai um tanto “cru”, utilizei a plataforma uMap3, para colocar a imagem de fundo do Open Street Map4 e assim facilitar a visualização.

alt=track do percurso realizado no Alto do Eucalipto at 05012023

Liguei o GPS no OSM Tracker quando o ônibus (Vasco da Gama Cabugá, que peguei na Rua do Riachuelo, no bairro da Boa Vista, no centro do Recife) saiu da Avenida Norte, em direção ao largo Dom Luiz e depois seguir pelo Centro Comercial do Vasco da Gama, depois pela feira de Nova Descoberta, parte do Córrego da Areia, os limites entre o Vasco da Gama e o Brejo do Beberibe, pra depois chegar ao Alto do Eucalipto.

Apesar de ser apenas o quarto dia útil de 2023, o comércio do Vasco da Gama e a feira de Nova Descoberta, seguiam seu cotidiano com uma circulação de pessoas e trânsito intensos, como de costume. Fato curioso desse trânsito intenso, é que ele passa por algumas ruas bastante estreitas, o que em alguns momentos forma alguns gargalo. Foi o caso da dificuldade que o ônibus em que eu estava, para atravessar a Rua 2 de Fevereiro para pegar a Rua Vasco da Gama. Ele e um microônibus que faz o transporte complementar, manobraram por cerca de dez minutos, até que se encontrasse espaços para os dois seguirem em sentido contrário.

Ainda durante o trajeto de ônibus, pude observar alguns corrimões das escadarias pintados de azul, estavam ou com pintura recente ou eram recém instalados, conforme pude confirmar com meu entrevistado, que disse que a prefeitura pintou alguns que já existiam e instalou outros. Desci no terminal da linha, que fica no Alto do Eucalipto, na rua homônima, na altura da Rua Camboriú, onde viríamos a fazer o registro da paisagem.

Encontrei o morador local e seguimos para o passeio combinado. De inicio, coloco aqui embaixo a imagem do que havia antes no local, que está no meu caderno de campo de 19/03/2022 e também está na minha tese de doutorado, defendida em 15/09/2022, no caso as carcaças de máquinas de lavar metarecicladas como lixeiras:

alt=track do percurso realizado neste campo

Neste registro encontrei uma paisagem completamente diferente: os corrimões pintados de azul e revestidos por uma grade, canteiros de plantas ao longo do passei, grafitagens, marcação do jogo de amarelinha, um escorrego e bancos de cimento. Considerando a mesma perspectiva da foto anterior, a paisagem encontrada em 05/01/2023 foi essa:

alt=amarelinha onde antes havia lixeira

Conforme elencado acima, algumas outras infraestruturas foram instaladas ou requalificadas no passeio. Uma deles foi o corrimão, além de pintado, foi revestido com arame, pois antes era vazado, isso deu maior segurança para as crianças brincarem perto:

alt=corrimao revestido com arame

Essa é a vista panorâmica do passeio:

alt=panoramica do passeio camboriu

Ironicamente, se pode observar que, apesar da retirada da lixeira feita pela comunidade, nenhum repositório de lixo foi colocado no local após a requalificação. Destaca-se a pintura do passeio com grafitagens, que deixaram o espaço muito bonito:

alt=grafite no passeio

Além do benefício para as crianças como o escorrego e a marcação do jogo de amarelinha (também grafitada):

alt=escorrego no passeio

![alt=amarelinha no passeio]((https://i.imgur.com/S0Gtsa5.jpeg)

Depois, optei por descer a pé pela Rua Alto do Eucalipto até a Avenida Norte, onde apanharia o ônibus pra voltar pra casa. Fiz essa opção para olhar a parte do Alto pela qual o ônibus não passa e para sentir a pulsação do comércio do Vasco da Gama mais de perto. Quando comecei a frequentar o Alto do Eucalipto, em idos de 2016, os ônibus ainda subiam por esta rua, mas realmente era um transtorno, por conta das ruas serem muito estreitas, por isso o ônibus dá uma volta indo até o bairro vizinho de Nova Descoberta e no limite com o Brejo do Beberibe para poder chegar no terminal. Na descida o movimento das pessoas indo e vindo do centro comercial, algumas com sacolas de comprar, outras em carros e motos. No centro comercial do Vasco, muita gente e muito trânsito também, o caos de sempre. A rotina do Vasco da Gama intacta, no inicio de 2023.

Segundo o morador, a prefeitura prometeu repor a lixeira feita com a carcaça de máquina de lavar. Achei interessante observar as dinâmicas socioespaciais e a disposição dos objetos técnicos que são criados e movidos de lugar, de acordo com negociações entre as necessidades da população e a planificação estatal. A mobilidade segue sendo um gargalo para as pessoas que moram nas partes mais altas, seja pela oferta de linhas, pelo valor da passagem ou pela adaptação à topografia da localidade.

Location: Vasco da Gama, Recife, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Região Geográfica Intermediária do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, Brasil

Este é o quarto entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Esse diário diz repeito a ida para a sede da EScola Pernambucana de Circo, no Alto do Burity, Recife/PE http://u.osmfr.org/m/757844/ .

alt=track do percurso realizado neste campo

Segue abaixo o diário de campo na íntegra, apenas com alterações de nomes pessoais, com o intuito de resguardar a identidade das interlocutoras:

A principal motivação para ter ido ao Alto do Burity, no bairro da Macaxeira, foi a de entrevistar um representante da Escola Pernambucana de Circo, um ponto de cultura com alta incidência nas ações sociais nos morros da zona norte do Recife. A escola fica em uma avenida transversal à Avenida Norte, a Avenida José Américo de Almeida, onde há de um lado, o mesmo da Escola Pernambucana de Circo diversos comércios, como mercadinhos, pet shops, quitandas, lava jato e no lado oposto alguns prédios “caixão” que formam os conjuntos residenciais: Aquarela, Matias Cardoso de Almeida, Apipucos e Cidade Recife. A avenida segue ladeirada subindo para a parte efetivamente alta do Burity e segue até o limite com o Córrego da Areia.

alt=Fachada da Escola Pernambucana de Circo

Enquanto o meu interlocutor, o coordenador pedagógico da Escola, não chegava, o esperei num grande salão central na sede do ponto de cultura, equipado com equipamentos para impulsionar saltos, testar equilíbrio em fios e tecidos e um grupo de oito pessoas ensaiava, fazendo exercícios físicos inerentes as atividades citadas. Depois, durante a entrevista, ele me falou que aquele grupo é uma trupe, a Trupe Circus, que é o grupo que se apresenta em nome da Escola na sede e em outros locais também, formado por ex-alunos dos cursos promovidos por lá. Eles ensaiam diariamente pela manhã, enquanto à tarde, o espaço é ocupado pelos alunos iniciantes, formado por crianças e adolescentes que aprendem as primeiras habilidades para atuar nas artes circenses.

alt=Foto do salao de treino onde tambem sao realizados os espetaculos

Fui recebido no escritório, na parte superior do prédio. Chegando lá, meu locutor passou cerca de 45 minutos conversando sobre a conjuntura política do país. Depois desse tempo, enfim, começamos a entrevista, ainda com respostas muito longas por parte dele, de maneira que precisamos remarcar pra continuar a entrevista em outro momento, pois o mesmo tinha um compromisso cujo horário se aproximava. Pedi então para fazer algumas fotos e vi que lá da sala em que estávamos há uma vista privilegiada dos morros, ao pedir autorização pra ele pra fazer uma foto, ele me indicou o topo do prédio, que é acessado por uma escada e de fato propicia uma visão deslumbrante dos morros que ficam na confluência entre os bairros da Macaxeira e Nova Descoberta.

alt=Vista da escada no topo da sede da escola pernambucana de circo 1

Depois ele me mostrou as outras instalações do espaço que são compostas de salas para armazenamento de material (pernas de pau, bolas de equilíbrio, acessórios de palhaço, bambolê, instrumentos, material de cenário, etc). No salão ainda é possível identificar uma arquibancada que, segundo o meu interlocutor é reforçado por cadeiras ao redor do salão, podendo receber até 150 pessoas e chama a atenção o teto, com várias estruturas para se equilibrar. Ao final, ficamos de marcar outro momento para completarmos a entrevista e segui rumo a Avenida Norte para tomar o caminho de volta.

alt=Aparelho para treinar equilibrio na corda

alt=bamboles - bicicletas de uma roda soh - pinos para acrobacias 2

alt=Bolas de equilibrio circense

alt=Equipamentos da parte alta

alt=Sapastos de palhaco no deposito

alt=Tecido para treinar equilibrio no alto de vermelho

alt=Arquibancadas para acomodar o publico com pula pula profissional ao fundo

Location: Macaxeira, Recife, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Região Geográfica Intermediária do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, Brasil

Este é o terceiro entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Esse diário diz repeito a ida para a sede do Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife, no Alto José do Pinho, Recife/PE http://u.osmfr.org/m/749769/ .

alt=track do percurso realizado neste campo

Segue abaixo o diário de campo na íntegra, apenas com alterações de nomes pessoais, com o intuito de resguardar a identidade das interlocutoras:

No dia 19/04/2022 fui para a sede do Maracatu Estrela Brilhante no Alto José do Pinho, entrevistar Dona Mariana, presidente da agremiação. Meu interesse em entrevistá-la era por lá ser um ponto de cultura (então procurar saber sobre quais as benesses e limitações de participar do programa cultura viva), também para saber como a entidade se articula com outras do mesmo bairro e buscar pistas sobre uma certa concentração de alunos da turma de Recondicionamento de Computadores na Rua Avenca, que é uma rua transversal à Rua onde fica a sede do Estrela Brilhante que é a Rua Tuína.

Eu já tinha ido ao Alto José do Pinho algumas vezes, tendo como destino o Centro Dom João Costa. Assim, a parte que eu tinha explorado do bairro, eram as duas principais vias de acesso a partir da Avenida Norte (Rua Monte Horebe – sentido Mangabeira; e Valeriano Lobo – sentido Córrego do Bartolomeu) e as Rua Maragogi e Severino Bernardino Pereira, que são duas das ruas que concentram mais comércios, escolas, o terminal de ônibus, dividindo o espaço com as moradias. É uma área de ruas mais largas no bairro, ainda que com curvas sinuosas e diversos becos em suas transversais.

Contudo, para o setor do bairro onde fica a sede do Maracatu Estrela Brilhante, eu nunca tinha ido. Desci no terminal da linha Alto José do Pinho/Cais de Santa Rita e fui seguindo pela Severino Bernardino Pereira, no sentido oposto ao do Centro Dom João Costa, quebrei num beco que dava na Rua Avenca, segui pela Rua Avenca até o ponto de entrada na Rua Tuína, onde passa uma escadaria que vai levar à Rua do Rio, no limite com os bairros da Mangabeira e Bomba do Hemetério. Esta parte do bairro já possui ruas mais estreitas, onde predominam residências, com construções irregulares, algumas casas feitas em cima das outras, outras com reboco exposto, marcando uma área em que a vulnerabilidade social é mais acentuada.

Mais acentuada também é a presença do tráfico de drogas neste setor. Quando cheguei na esquina entre as ruas Avenca e Tuína, havia um movimento o qual eu suspeitei que fosse de tráfico de drogas, depois confirmado durante a entrevista com Dona Mariana. Contudo, como eram as pessoas que estavam bem na entrada da rua do Estrela Brilhante, os perguntei sobre onde ficava a sede do maracatu e eles me indicaram de pronto.

Ao chegar na sede, havia um movimento na entrada, como se fossem pessoas em algum tipo de reunião ou curso algo do tipo. Depois, ao indagar Dona Mariana sobre a atividade, ela me falou que era um curso de arte em cerâmica.

alt=Oficina de arte em cerâmica na sede do Maracatu Estrela Brilhante

alt=Material oficina de arte em ceramica na sede do Maracatu Estrela Brilhante

alt=Escudo e tambores na sede do Maracatu Estrela Brilhante

Como o barulho das pessoas fazendo o curso poderia atrapalhar a captação do áudio da entrevista, Dona Mariana me chamou para uma parte atrás da casa, onde pudéssemos ter privacidade e silêncio para a entrevista. Ela já havia me dito que também mora na casa. Esta parte em que ficamos, era uma espécie de barracão do maracatu: havia máquina de costura, adereços, cartazes, tambores, entre outros tipos de material necessários a agremiação. Desta parte da casa há uma vista bastante interessante, em que prevalece a vista do Alto do Pascoal.

alt=Alto do Pascoal da perspectiva do Alto Jose do Pinho no terraco da sede do Maracatu Estrela Brilhante

alt=Adereços do Maracatu Estrela Brilhante

alt=Cartaz Yle Axe Oyaonira na sede do Maracatu Estrela Brilhante

Fizemos a entrevista, a qual eu não vou entrar em maiores detalhes porque ela foi transcrita na íntegra, mas sobre as minhas expectativas iniciais, digo que em termos de articulação com outras entidades do bairro, ela falou que não havia, talvez fruto de um certo isolamento no bairro, mais distante dos setores onde ficam as sedes do Centro Dom João Costa e da Escola de Samba Unidos do Escailabe, por exemplo, apesar da minha entrevistada do Centro Dom João Costa ter dito que tinha boa relação com o Estrela Brilhante, na ocasião, a pessoa não relatou como se dava essa boa relação. Pelo fato do Dom João Costa ser administrado pela igreja católica e o maracatu ser uma agremiação que cultua as religiões de matriz africana, pode ser que essa dita boa relação, seja no âmbito de haver tolerância religiosa, o que aliás, Dona Mariana citou como ponto positivo da sede ser no Alto José do Pinho, pois falou que, no bairro, a entidade, apesar de cercada por igrejas evangélicas é respeitada no seu culto, ao contrário de terreiros sediados em outros bairros, que ela citou, que chegaram a serem atacados por organizações evangélicas.

Também percebi certa confusão em identificar programas e repasses de verba de entes federais e estaduais na narrativa dela, sobretudo, sobre o programa Cultura Viva. Sobre a violência no bairro, Dona Mariana foi mais enfática do que outros entrevistados do Alto José do Pinho, relatando problemas com o tráfico de drogas, inclusive com membros e ex-membros do Estrela Brilhante, novamente atribuo essa visão ao contexto mais próximo ao tráfico no qual está inserida a sede do maracatu.

alt=Tambores de compensado e de macaíba do Maracatu Estrela Brilhante 2

Sobre a concentração de alunos do curso de Recondicionamento de Computadores advirem da Rua Avenca não consegui muitas pistas. Aliás, nem com o Estrela Brilhante, nem com o Centro Dom João Costa (que recrutou os alunos) e nem com o Professor das turmas. O que ficou marcado pra mim ao ir nessas imediações foi a já citada agudização do contexto de vulnerabilidade social e da presença do tráfico de drogas.

Ao final da entrevista seguimos por um corredor, entre o barracão lá atrás e a sala de entrada, onde se localiza uma espécie de terraço, novamente com uma vista muito interessante, onde se vê mais próximo parte da Mangabeira, mais adiante a Bomba do Hemetério e mais distante, os bairros do Arruda e Água Fria, com o estádio de futebol do Santa Cruz Futebol Clube, se destacando na paisagem. Quando me despedi de Dona Mariana as pessoas continuavam no curso de arte com cerâmica. Segui pelo mesmo caminho de volta e desci pela Rua Valeriano Lobo até a Avenida Norte.

alt=Vista da sede do Maracatu Estrela Brilhante Mangabeira - Bomba do Hemeterio - Agua Vria - Arruda

Location: Mangabeira, Recife, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Região Geográfica Intermediária do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, Brasil

Este é o segundo entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Esse diário fala sobre duas datas, pois no dia 22/03/2022 fui fazer uma entrevista e acabei gravando da entrada do Córrego do Jenipapo até o local da entrevista http://u.osmfr.org/m/735905/.

A ideia inicial seria andar pelo entorno, mas estava chovendo muito, além do meu interlocutor estar coordenando uma campanha de vacinação no dia. Assim, retornei no dia 07/04/2022 para circular pelo entorno do Córrego do Jenipapo e fazer registros fotográficos http://u.osmfr.org/m/744616/

alt=track do percurso realizado neste campo

Segue abaixo o diário de campo na íntegra, apenas com alterações de nomes pessoais, com o intuito de resguardar a identidade das interlocutoras:

Marquei com João (nome fictício) no dia 22/03/2022, ele foi aluno do curso de Recondicionamento de Computadores realizado no CRC/Marista em 2018 e também do curso de Produção Cultural Multimídia e Gestão em Produção Cultural Comunitária, oferecido pelo Instituto Intercidadania também durante o ano de 2018, no mesmo espaço em que ficava o Polo de Formação e Reuso de Eletroeltrônicos, nas dependências do Marista, na Avenida da Recuperação em Apipucos. Marcamos na sede do Conselho de Moradores do Córrego do Jenipapo. Foi um dia em que choveu muito na Região Metropolitana do Recife, especialmente no bairro da Macaxeira onde está localizado o Córrego do Jenipapo. Inclusive por pouco não desmarcamos a entrevista, pois no início do dia dois ônibus colidiram na entrada do Terminal Integrado da Macaxeira, o que casou muitos transtornos, com parte da operação tendo que ser realizada na parte de fora, nos arredores do terminal e gerando um trânsito que congestionou a Avenida Norte desde o bairro da Macaxeira até o bairro do Vasco da Gama. Contudo, mesmo sob forte chuva cheguei ao local da entrevista.

Chegando lá, estava havendo aplicação de vacinas contra a Covid-19 na sede do Conselho de Moradores, de maneira que a entrevista foi efetuada em meio aos isopores com as vacinas, as pessoas que estavam aplicando e as pessoas que estavam indo se vacinar. Mesmo com uma quantidade elevada de ruído, não houve comprometimento do áudio da entrevista. Contudo, eu também tinha o objetivo de realizar o registro fotográfico dos arredores, o que definitivamente, ficou inviável em decorrência das fortes chuvas. Com isso, combinamos que eu iria outro dia para fazer o registro fotográfico.

alt=track do percurso realizado neste campo

No dia 07/04/2022 fui, em um dia já ensolarado, ao encontro de João para fazer os registros fotográficos. A rua onde fica a sede do Conselho de Moradores é ladeirada, de maneira que ela desemboca no largo do Maracanã, local onde foi feita a foto acima, do dia 22/03/2022 quando choveu. Este largo é um centro comercial do Córrego do Jenipapo, abrigando mercadinhos, quitandas, bares, escolas, casas de frios, entre outros tipos de comércio e é também onde fica o terminal da linha Largo do Maracanã, que segue de lá para o centro do Recife.

Pegamos a escadaria subindo pelo Córrego do Maracanã até chegar ao Alto do Formoso onde eu buscaria então fazer os registro com as perspectivas: à oeste da Mata de Dois Irmãos e vias de circulação (Avenida da Recuperação, BR 101 Norte), equipamentos públicos (Upinha Dr. Hélio Ramos, Terminal Integrado da Macaxeira) e de espaços de sociabilidade (campo de futebol de várzea do Barreirão); à Sul o emaranhado de prédios na paisagem começando pelos de Casa Amarela e seguindo até os da zona Sul do Recife; à leste a visão dos morros da Zona Norte. Este foi o mote do registro cujas fotos seguem ao final do texto.

A sede do Conselho de Moradores também abriga uma geladeira-biblioteca, que fica na calçada da sede, o que permite o acesso dos moradores a biblioteca, mesmo quando a sede do Conselho está fechada. Na volta, paramos um pouco na sede, para descansar da subida e descida da escadaria e beber uma água, onde aproveitei para subir as fotos no Nextcloud (plataforma descentralizada de armazenamento de dados em nuvem).

Ali ficamos conversando sobre um curso chamado de Habilidades Sociais, que é ministrado aos sábados pela vice-presidente do Conselho de Moradores, pois observei um cavalete com o título do curso e alguns conteúdos a serem ministrados nele. Perguntei a João do que tratava o curso e ele disse que era um curso sobre como elaborar currículos, se portar e entrevistas de emprego e fazer encaminhamentos para vagas de trabalho. Edson explicou que a motivação para o curso era a de que os jovens, mesmo sabendo utilizar as tecnologias, muitas vezes não tinham a habilidade de elaborar um curriculum ou enviar e-mails formais pra entrevistas, nem se vestir adequadamente para os processos seletivos. Uma turma de 30 jovens assiste à aulas deste curso nos sábados lá na sede do Conselho de Moradores.

Depois João, cuja os pais eram agricultores do município de Buenos Aires na Mata Norte de Pernambuco, falou das expectativas que ele tinha quando jovem, a vir conhecer a tão falada “Capital”. Ouvia falar que era um lugar mais desenvolvido e que tinha de tudo e que um dia ele conheceria a Capital. Foi quando ele disse que a mãe veio primeiro pra Região Metropolitana do Recife, apoiada por familiares, e que depois ele veio para ficar em definitivo.

João também organiza algumas excursões para Toritama, no agreste pernambucano, um dos municípios que compõem o Polo de Confecções do Estado. Estas excursões da região metropolitana do Recife para municípios como Toritama, Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe é muito comum, onde algumas pessoas compram vestuário para a sua própria necessidade e outras compram para revenda, especialmente nos meses que antecedem dezembro (por conta do uso e revenda dos vestuários para as festas de final de ano: natal, réveillon e demais confraternizações feitas nos finais de ano). Perguntei se ele tinha organizado as excursões no final de 2021, já que ainda haviam restrições a circulação de pessoas no Estado de Pernambuco, por conta da pandemia da Covid 19. Ele disse que sim, conseguiu realizar, pois mesmo com as restrições havia condições de realizar as excursões. Falou também que estava organizando para outros municípios e que estava tentando articular um para Triunfo, no sertão do Pajeú, no mês de julho.

Depois dessa breve conversa desci rumo ao Largo do Maracanã, com o objetivo de tomar o ônibus de linha homônima para o centro do Recife, mas chegando ao terminal, havia um ônibus parado e então perguntei ao motorista se estava saindo. Ele respondeu que não, que iria demorar. Então me dirigi à Avenida da Recuperação (pista local da BR 101 Norte, entre os bairros da Macaxeira e Apipucos), há cerca de 200 metros dali e peguei a linha Guabiraba/Córrego do Jenipapo, rumo ao centro do Recife.

alt=Ladeira do Alto do Formoso sentido Alto do Cruzeiro

alt=Geladeira biblioteca no Conselho de Moradores do Corrego do Jenipapo

alt=Geladeira biblioteca no Conselho de Moradores do Corrego do Jenipapo Aberta

alt=Perspectiva do Alto do Formoso avistando os morros mais perto com o Corrego da Areia mais proximo e os predios do Recife ao fundo 2

Location: Córrego do Jenipapo, Recife, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Região Geográfica Intermediária do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, Brasil

Este é o primeiro entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Esses tracks eu coloquei no uMap, esse é o link do track deste diário de campo http://u.osmfr.org/m/1079569/. Embora quase sempre o OSM Tracker seja bastante preciso, nesse caso ele traçou uma linha bastante estranha, que não condiz com o percurso percorrido. Contudo, ele reproduziu as andanças no entorno da Rua Camboriú, local onde concentrei a maioria das informações.

alt=track do percurso realizado neste campo

Segue o relato que escrevi na época, na íntegra:

Marquei com Roberto (nome fictício), aluno do curso de Recondicionamento de Computadores realizado no CRC/Marista em 2012, no terminal dos ônibus do Vasco da Gama, no Alto do Eucalipto. Os bairros que faziam parte de Casa Amarela até 1988 e foram desmembrados, formando os bairros da Mangabeira, Alto José do Pinho, Alto José Bonifácio, Vasco da Gama, Nova Descoberta e Macaxeira, são subdivididos em córregos e altos. No caso do Vasco da Gama, um dos altos que fazem parte dele é o Alto do Eucalipto. Quando cheguei ao local Rodrigo estava acompanhado de mais um ex-aluno do CRC na época dela, que se apresentou como Junior(nome genérico), senti um certo constrangimento em dizer exatamente seu nome, por isso não perguntei, pois não tinha tanta relevância para a entrevista. Com isso entrevistei os dois, além de ter tido conversas informais com ambos, tanto no caminho para o lugar que eles escolheram pra eu entrevistá-los quanto na volta quando eles gentilmente me acompanharam de volta ao terminal para que eu tomasse o ônibus de volta pra casa.

De inicio devo colocar que o Alto do Eucalipto não é um local estranho para mim, já tinha ido outras vezes lá quando trabalhei na produção do curta metragem Sementes do Eucalipto https://www.youtube.com/watch?v=jIR7WlBFE38&t=227s , entre 2016 e 2017, também voltei ao local depois que o filme ficou pronto para a exibição na comunidade em 2018. Entretanto, eu sempre ia de carro com os outros rapazes que trabalharam no filme e entrávamos no bairro, vindos da Avenida Norte, direto pelo centro comercial do Vasco da Gama quando em seguida subíamos direto para o Alto do Eucalipto. Para esta entrevista fui de ônibus o que me permitiu ter uma visão completa do bairro do Vasco da Gama, passando por seus vários altos e córregos e tendo, em muitos dos pontos, uma vista muito interessante dos morros da zona norte, os da RPA 3 e alguns da RPA 2, em alguns pontos da pra avistar Olinda e em outros a paisagem de prédios que compõem os bairros localizados na planície da zona norte e oeste.

alt=Alto da Foice na perspectiva do Alto do Eucalipto

Quando marquei a entrevista com Rodrigo, pedi pra que ele me levasse a algum espaço público no bairro, onde pudéssemos gravar a entrevista com pouca interferência de barulhos. Falei em espaço público para não dar a entender que gostaria de ser recebido em sua casa, o que poderia incomodar a ele e aos outros residentes na casa. Eles escolheram um espaço cimentado no pé de uma escadaria onde havia a marcação de uma espécie de campo ou quadra, onde eles disseram que seria uma praça, chegando a ser inaugurada pelo prefeito e vereadores do bairro. Mas, além do espaço havia a marcação, aparentemente feita pelos moradores e luzes de led, o que Júnior e Roberto apontaram como única benfeitoria na suposta praça. Apontaram também que os moradores reivindicam uma área de proteção, pois as bolas caem nas casas dos vizinhos ou no barranco o qual a praça fica rente.

alt=Marcacao de quadra onde seria uma praca agora usada para a pratica do futtenis

No caminho fomos conversando informalmente, sobre as outras vezes em que estive no Alto do Eucalipto e sobre o amigo que nos colocou em contato. Este amigo em comum trabalhou como técnico em inclusão digital no CRC/Marista no momento em que Junior e Roberto foram alunos. Lá nos sentamos e começamos a entrevista. Tem uma barreira ao pé da área cimentada e um grande Alto em frente, que os entrevistados me disseram ser o Alto da Foice, que também faz parte do Vasco da Gama. Em certa altura da entrevista falamos sobre o Compaz Alto Santa Terezinha e eles o apontaram na paisagem, um prédio escuro destacado dos tons de marrom que prevalece, pela prevalência das telhas.

Enquanto fazíamos a entrevista, uma criança passeava com um passarinho na gaiola ouvia-se o vento correndo, o som de pássaros e motor de moto roncando longe. Num dado momento chegaram dois rapazes que aparentavam cerca de 16 anos de idade e começaram a enrolar um fumo em folha de seda. Os dois cumprimentaram meus interlocutores, depois perguntaram se tínhamos isqueiro. Diante da resposta negativa se retiraram do local. Fizemos a entrevista aí em clima de tranquilidade, quase isolados do bairro, de maneira que foi possível gravar o áudio limpo, tranquilamente.

Depois de cerca de uma hora nos retiramos em direção ao terminal de ônibus. Os rapazes que entrevistei cumprimentaram alguns transeuntes, como já estava perto das 17 horas, já havia movimentação de pessoas indo buscar as crianças na escola. Fomos no caminho conversando sobre os problemas do bairro, falta de oportunidades, falta de cursos profissionalizantes. Passamos por uma barbearia e Roberto comentou que é um serviço que tem apelo na comunidade, que seria bastante útil um curso ensinando essas habilidades se fosse realizado lá. Falou também que cursos na área de tecnologia também seriam muito importantes na área. Rodrigo e Júnior me apontaram uma barreira que deslizou entre 2009 e 2010, eles não souberam precisar o ano, em que Júnior quase se acidentou, mas escapou. Perguntei se houve mortes nesse deslizamento ele disse que não, mas que houveram muitos danos materiais nas casas.

No caminho, encontramos uma lixeira feita com carcaças de máquinas de lavar, o que mostra o potencial de criatividade em criar objetos com materiais que seriam descartados da população do bairro. Durante a entrevista Roberto havia mencionado a ausência de coleta seletiva e o fato dos moradores acumularem muita areia e entulhos no bairro, apesar da coleta de lixo passar diariamente. Ele destacou que a coleta não dava conta, porque rapidamente as pessoas sujavam.

alt=Lixeira feita com aproveitamento de carcassas de maquinas de lavar

Nesta caminhada Júnior falou que já tinha feito parte dos escoteiros. Roberto apontou a Unidade de Saúde da Família do bairro, dizendo que ela estava em vias de ser retirada do bairro e que a clinica geral que atende lá faz menos atendimentos que o necessário, que ela é famosa por atender menos e não dar conta da demanda por consultas da comunidade. Dias antes havia chovido no Estado de Pernambuco e eles falaram que após a chuva apareciam muitas tanajuras no Alto do Eucalipto. Tanajura é uma espécie de formiga com asas que tem, na sua parte traseira, bastante gordura. As pessoas costumam fritá-las com manteiga ou margarina e comerem misturada com farinha. A caça por elas se torna um evento, sobretudo para as crianças, que ficam tentando pegá-las com camisas. Júnior e Roberto falaram que até a pizzaria aproveitou as tanajuras e fez uma pizza inclusive mais cara. A pizza que normalmente custa entre 35 e 45 reais dependendo do sabor, estava sendo vendida por 58 reais quando acrescida da tanajura.

Por fim, eles ressaltaram que é um bairro tranquilo “comparado com outros altos”, essa é uma sensação que os moradores locais também já haviam me retratado quando estive lá para produzir o curta metragem. Eles não disseram quais altos seriam os opostos ao Alto do Eucalipto no quesito violência, mas durante a entrevista citaram o Alto Santa Terezinha e Alto do Pascoal como bastante violentos. Perguntaram se eu tinha ido lá e que eu tivesse bastante cuidado se fosse. Por fim, o caminho de volta no ônibus passando pelo mesmo percurso da vinda com movimento e paisagens de final de tarde no subúrbio do Recife.

Location: Vasco da Gama, Recife, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Região Geográfica Intermediária do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, Brasil